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sábado, 10 de agosto de 2013

A política intervencionista dos EUA na América Latina durante os séculos XIX e XX: da Doutrina Monroe ao combate do comunismo



       A formação e consolidação dos EUA como potência econômica, política e bélica só pode ser compreendida a partir de detalhada e complexa análise histórica. Max Weber já observava o desenvolvimento econômico e científico norte americano entre o final do século XIX e início do século XX. Alex de Tocqueville analisou os “avanços democráticos” das ideias liberais nos EUA durante o século XIX. Contudo, concomitante ao desenvolvimento do liberalismo, a burguesia norte americana, principalmente após a Guerra da Secessão (1861-1865), inicia uma política imperialista e intervencionista  no continente americano e em parte da Ásia que objetiva a busca por matérias primas e novos mercados no intuito de garantia de acumulação de capitais. Em nome da democracia, ocultava-se uma forte política de intervenção política, econômica e cultural.
Em partes, primeiramente procurarei demonstrar as principais etapas do desenvolvimento norte americano a partir da luta pela independência no século XVIII e a consolidação do Estado Nacional durante o século XIX. Depois, analisaremos a desenvoltura da política externa norte americana para a América Latina durante o século XX.

A Colonização  Inglesa na América e a Independência das Treze Colônias

Em meados do século  XVI, colonos ingleses iniciaram o processo de migração para o "novo mundo", a América. Vários fatores contribuíram para esse processo migratório: perseguições religiosas, a expansão mercantilista inglesa, a busca por novas condições de vida. No novo continente, gradativamente foram se desenvolvendo treze colônias que acabaram se diferenciando: as colônias do Sul (escravocrata e agrícola) e as do Norte (trabalho assalariado e comercial ). Tais colônias possuíam relativa autonomia em relação a coroa inglesa, pois comercializavam com a América Central, com outros países europeus a também com a África. Esse comércio era denominado Triangular.
O comércio autônomo dessas colônias contribuiu para um forte acúmulo de capital e também  no desenvolvimento de uma burguesia progressista principalmente na região norte onde foram criadas universidades, jornais e demais serviços que contribuíram para o desenvolvimento daquelas colônias. Porém, após a Guerra dos Sete Anos entre França e Inglaterra, a autonomia comercial das Treze Colônias Inglesas na América passou ser prejudicada pela políticas tributárias da Coroa Inglesa, que, para se recuperar da Guerra dos Sete Anos passou a criar impostos e taxas como a Lei do açúcar, Lei do Selo e a Lei do chá.
Fortemente influenciada pelas nascentes ideias iluministas, a burguesia colonial reage a tais política tributárias através da Revolta do chá de Boston. Porém, a reação da coroa inglesa foi rápida com a criação das chamadas Leis intoleráveis que entre outros aspectos fechava o porto de Boston. Os colonos norte americanos reunidos duas vezes na cidade da Filadélfia decidem boicotar e depois romper com a Inglaterra. No dia 4 de Julho de 1776, Thomas Jefferson publicava a Declaração de Independência das Treze Colônias. Tal documento era fortemente influenciado pela ideias do filósofo inglês John Locke que pregava soberania popular através de um governo civil e direito de rebelião contra um governo tirano. Entretanto, a coroa inglesa não aceitou a independência e iniciou uma ofensiva militar: iniciava a guerra da independência (1776-1781) entre colonos norte-americanos e ingleses. Com o auxílio da França e da Espanha os norte-americanos venceram os ingleses na batalha de yorktown em 1781. Em 1783, através do Tratado de Versalhes, os ingleses reconheciam a independência das Treze Colônias. Nasciam os Estados Unidos da América.

Dica de filme - O Patriota de Mel Gibson

Rodrigo Abrahão



Continuação

 Após o reconhecimento da independência, a burguesia norte-americana tratou de criar um sistema político e jurídico que garantisse as liberdades democráticas através de um governo civil com autonomia dos poderes e que ao mesmo tempo pudesse proteger e defender o direito a propriedade privada. Tal sistema foi influenciado pelas ideias de Jonh Locke e o regime criado foi a República Federativa Presidencialista tendo como primeiro presidente George Washington.

Contudo, as liberdades universais não eram acessíveis a todos nos EUA, pois a escravidão nas colônias do sul continuou. Porém, tais conquistas acima citadas, para aquele momento, são progressistas, pois era um avanço em relação ao sistema do antigo regime. As ideias da Revolução Americana atravessam o Atlântico e ressoam na Europa durante a Revolução Francesa.

As críticas ao Antigo Regime crescem: governos despóticos devem ser substituídos por governos civis, o monopólio comercial deve dar lugar ao liberalismo econômico e a sociedade estamental deve ser abolida. e em seu lugar deveria nascer uma sociedade livre. O Antigo Regime entra em crise e decai na Europa e na América.

Os EUA logo procuram garantir o direito de autonomia dos povos americanos e lançam a Doutrina Monroe: "América para os americanos". Na verdade, era uma oposição a qualquer tentativa de recolonização por parte dos europeus em relação a América. Tratava-se do início do imperialismo dos EUA. através do reconhecimento imediato dos processos de independência, inclusive do Brasil em 1822. O que estava em jogo era a liberdade de comércio.

Internamente, a Marcha para o Oeste e o destino manifesto apenas refletem o nascente imperialismo norte americano. Entretanto, ainda haviam vários obstáculos ao livre comércio e a circulação de capitais como a escravidão e as baixas taxas protecionistas que caracterizavam as colônias do sul. Tem início a Guerra da Secessão.


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